ÁFRICA: DIVERSIDADES E GRANDES REALIZAÇÕES

 

 

Para compreendermos a cultura material das sociedades africanas, a primeira questão que se impõe é a imagem que até hoje perdura da África, como se até sua "descoberta", fosse esse continente perdido na obscuridade dos primórdios da civilização, em plena barbárie, numa luta entre Homem e Natureza.

De fato, a história dos povos africanos é a mesma de toda humanidade: a da sobrevivência material, mas também espiritual, intelectual e artística, o que ficou à margem da compreensão nas bases do pensamento ocidental, como se a reflexão entre Homem e Cultura fosse seu atributo exclusivo, e como se Natureza e Cultura fossem fatores antagônicos.

E é isso que fez com que a distorção da imagem do continente africano, atingisse também os povos que ali habitavam. De acordo com as ciências do século XIX, inspiradas no evolucionismo biológico de Charles Darwin, povos como os africanos estariam num estágio cultural e histórico correspondente aos ancestrais da Humanidade. Dotados do alfabeto como instrumento de dominação não apenas cultural, mas econômica também, os europeus estavam em busca de suas origens, sentindo-se no vértice da pirâmide do desenvolvimento humano e da História. Vem daí as relações estabelecidas entre Raça e Cultura, corroborando com essa distorção.

Por isso, a história da África, pelo menos antes do contato com o mundo ocidental, em particular antes da colonização, não pode ser compreendida tomando-se como referência a organização dominante adotada pelas sociedades ocidentais. Normalmente fica no esquecimento, dado ao fato colonial, que não existe uma África anterior, a que se convencionou chamar África tradicional, diversa e independente, com suas particularidades sociais, econômicas e culturais.

As sociedades ocidentais, assim chamadas por oposição às não-ocidentais (não-européias), se estruturaram fundamentalmente sob o modo de produção capitalista. Além disso, o modo de produção dominante (não existe apenas um) numa sociedade pode nos dizer muito sobre a vida dessa sociedade, mas certamente não comporta explicações de todas as dimensões de como os homens que a constituem compreendem sua vida e modelam sua existência.

A degeneração da imagem das sociedades africanas, de suas ciências, e de seus produtos é resultado do projeto do Capitalismo, que difundiu a idéia de que o continente africano é tórrido e cheio de tribos perdidas na História e na Civilização. É resultado também do etnocentrismo das ciências européias do século XIX. É necessário, pois, ver de que História e de que Civilização se trata. E do ponto de vista histórico-econômico, o imperialismo colonial na África é meio e produto do Capital, uma das grandes invenções que vem desde a era dos Descobrimentos reforçada ainda mais pela consolidação do Liberalismo. 

 AS DIVERSIDADES SOCIAIS

Segundo os historiadores e antropólogos o continente africano pode ser considerado o berço da civilização humana, pois teria sido o primeiro lugar do planeta habitado pelo homem, pesquisas determinam que fosseis de hominídeos encontrados naquele continente tenham mais de 5 milhões de anos.

Na atualidade a África é também um continente de grandes números: segundo mais populoso do planeta, terceiro mais extenso, possui 20% da área de terra do planeta, mais de um bilhão de habitantes divididos em 53 países, no continente mais pobre do mundo, onde se extraem diamantes e ouro ao mesmo tempo em que milhares de pessoas morrem de fome e não é um pais muito favoravel a educação das crianças.

Essa poderia ser uma sucinta descrição do continente africano, mas a África e o continente da diversidade pode ser considerada uma marca desse continente, onde a pobreza de sua população convive ao lado de jazidas de petróleo, exploração de ouro e diamantes,  há uma imensa diversidade da cultura religiosa, expressões artísticas, festas típicas, centenas de idiomas e dialetos falados entre os povos e as tribos que convivem entre guerras e períodos de paz, assolados pela fome que ameaça a vida de grande parte de sua população. As questões de saúde também são precárias no continente, que tem o maior índice de AIDS do planeta, com mais de um milhão de novos casos ao ano, além da malária, tuberculose e da meningite que atingem principalmente as crianças. O numero de  crianças que morrem de fome e atingidas por essas doenças é alarmante.

A Unicef e a ONU além de outras instituições humanitárias atuam na África reunindo esforços para tentar amenizar as condições de vida do povo, especialmente das crianças, que são as mais atingidas por esse grave quadro. Estima-se que somente a AIDS já deixou mais de 12 milhões de meninos e meninas africanas órfãos, enquanto mais de 150 milhões passam fome. A fome, a falta de água, e os altos índices de doenças são agravados pelos conflitos armados ocasionados pela instabilidade política que existe na região. Alguns conflitos armados perduram por décadas sem chegar a um fim, comprometendo ainda mais a situação local.

Continuando a traçar um perfil do continente africano nos deparamos também, além de sua inusitada diversidade sócio – econômica, com a diversidade geográfica e climática que é formada por imensos desertos ao lado de extensos e férteis vales. Compondo todo esse cenário a África é conhecida mundialmente pela suas riquezas naturais, principalmente pela beleza da vida selvagem ali existente, com animais de diferentes espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.

Assim podemos afirmar que a África é um continente com grandes potenciais humanos e naturais, com muitas riquezas para serem exploradas, um meio ambiente preservado, entretanto é necessário primeiramente que receba de outras nações auxílio efetivo não só com alimento e remédios para seu povo, mas com soluções para a paz de tantos conflitos que com certeza resultará em desenvolvimento para esse continente de tão grande contraste entre a riqueza e a pobreza, a exuberância da selva e o calor do deserto, a alegria e a fome

África o Continente da DiversidadeCultura Africana

 

OS MITOS AFRICANOS

 

LENDAS DOS ORIXÁS

As lendas são fatos míticos contados sobre homens ou deuses. Todos os povos, em todas as épocas do mundo sentiram a necessidade de que seus deuses ou heróis fossem mais fortes, mais poderosos, mais felizes e mais próximos do povo, do que os dos povos vizinhos ou mesmo dos inimigos. Com os Orixás não foi diferente. Histórias lindas e maravilhosas definem os fundamentos e a vida humanizada dos Orixás. O Orixá é considerado um antepassado espiritual. Cada um de nós tem um Orixá, um pai que rege nossa cabeça e nossa vida e alcançaram a divindade através de atos extraordinários que praticaram, passando a manifestarem-se como forças da natureza.

 

 


IEMANJÁ


É considerada a mãe dos orixás, é um dos orixás mais festejados no Brasil. Yemanjá veste branco e azul ou verde claro e as contas de seus filhos são de vidro verde claro transparente, ou azul claro. Seu dia é sábado. Sua saudação é Odô Iá!
Yemanjá estava perdida em seus pensamentos quando dela se aproxima seu filho Exu que lhe diz.
- Mãe por todos os caminhos que percorri pelo mundo tive todas as belezas que quis, mas nenhuma delas era tão bela como você!
- O que diz meu filho, não estou compreendendo!
- Estou lhe dizendo que és a mulher mais linda que já vi e voltei para possuí-la.
E dizendo isso atirou-se sobre Yemanjá, tentando violentá-la. Yemanjá não podia permitir que aquilo acontecesse e resistiu bravamente, lutou tanto que pela violência da luta, seus seios foram dilacerados. Enlouquecido e arrependido Exu, "caiu no mundo", sumindo na linha do horizonte.
Diz-se que dos seios dilareçados de Yemanjá, saiam lágrimas profundamente tristes e tantas que se tornaram toda a água salgada do mundo, de onde se originaram todos os mares e oceanos.


NANÃ


Dona da lama do fundo dos rios, a lama que moldou todos os homens. Mãe de Oxumarê e Omulu É o Orixá feminino mais velho do panteão, pelo que é altamente respeitada. Veste-se de branco e azul. Suas contas são de louça branca com riscos azuis. Traz na mão o Ibiri, seu cetro. Protege os enfermos desenganados e é patrona dos professores. Seu dia é a segunda-feira, e sua saudação é Saluba! Nanã proprietária de um cajado. A avó dos ORIXÁS também chamada de Nanã Buruku. É um VODUM da l

 

AFRICA: ALDEIAS, REINOS,VILAS E IMPÉRIOS

 

No extremo oeste da África setentrional, entre os atuais países de Mali e da Mauritânia, ao longo do rio Níger até mais a oeste, na escarpa do Tagant, com limite ao sul nos rios Senegal e Bakoy, desenvolveram-se as primeiras civilizações negras conhecidas: os Maqzara, o reino de Tekrur, e os famosos Impérios de Gana (Wagadu), ou o “Império do Ouro”, como ficou sendo chamado, e o de Songai (ou de Gao). Essas culturas negras que giravam em torno do Baixo Senegal (nome de toda essa região) foram o resultado de um desenvolvimento autóctone bastante recuado (e de natureza pagão-animista), iniciado provavelmente na era cristã, aliado ao avanço berbere-islâmico em direção ao sul do Saara no século IX.

Essa expansão berbere havia se dirigido tanto no leste ao sul do Egito, para obter o controle das minas de ouro do Sudão, quanto no oeste ao sul de Magreb, e aqui no Baixo Senegal a expansão basicamente tivera como motivação o desejo de dominar as rotas cada vez mais desenvolvidas dos tráficos de ouro, de sal e de escravos, este último um tráfico que nunca parou de crescer desde então até meados do século XIX (KI-ZERBO, s/d: 130). O tráfico de escravos – escravos que eram utilizados em sua maior parte no serviço doméstico ou como soldados – acontecia tanto no sentido do sul para o norte do Saara quanto o inverso (DAVIDSON, 1992: 146).

Apesar das dificuldades naturais de se atravessar o deserto, muitas caravanas de muçulmanos cruzavam o Saara a oeste para comerciarem escravos, sal, cavalos e metais (ouro e cobre) com as populações negras. Os berberes também compravam dos negros marfim, peles de animais, plumas de avestruz e sementes de cola (com cafeína); em troca, traziam cobre, espadas decoradas de Damasco, louças e talheres finos.

Partindo-se do Magreb (de Fez, mais a oeste, ou mesmo de Trípoli), os viajantes islâmicos utilizavam quatro rotas conhecidas através do deserto para chegar a quatro importantes pontos de comércio ao sul. Da esquerda para a direita: