Pragas agrícolas e o controle biológico.

PRAGAS AGRÍCOLAS

 

O Manejo de pragas agrícolas tem sido realizado principalmente através de agentes químicos, porém esses agentes muitas vezes (nem sempre) prejudicam a saúde humana e ocasionam efeitos maléficos em inimigos naturais e polinizadores.

Os fungos entomopatogênicos são microrganismos que causam doenças em insetos, principalmente em insetos de importância agrícola. São os principais responsáveis pela mortalidade natural de insetos-praga em agroecossistemas, atuando dessa maneira no controle biológico de pragas.

No Brasil ocorre um grande número de espécies de fungos entomopatogênicos, causando epizootias que mantém as pragas sob controle. O termo epizootia refere-se a ocorrência generalizada dos microrganismos atacando severamente as pragas e promovendo o seu controle.

Esses fungos entomopatogênicos, além de constituírem 80% das enfermidades responsáveis pelos surtos epizoóticos dos ecossistemas e agroecossistemas, são de mais fácil disseminação, pois algumas espécies possuem a capacidade de penetrar através da cutícula íntegra de artrópodes e atingir diretamente a hemocele, até mesmo no caso de cochonilhas providas de carapaça. Em se tratando de fungos imperfeitos como os Hifomicetos, os propágulos viáveis (conídios ou fragmentos de hifas), a colonização do inseto e a exteriorização do fungo sobre o cadáver infectado permitem a sua rápida disseminação pelo vento.

Existem alguns fungos importantes no controle biológico de pragas em nível de campo. Entre eles, as espécies Metharizium anisopliae, Beauveria bassiana e Nomuraea rileyi são as mais freqüentes em agroecossistemas.

O Metharizium anisopliae (Metsch) é um importante fungo cuja ocorrência já foi assinalada em mais de 300 espécies de insetos. No Brasil, esse fungo tem sido estudado sobre diversas pragas como Mahanarva posticata (cigarrinha da cana), Diatraea saccharalis (broca-da-cana), Nezara viridula (percevejo-verde da soja), Piezodorus guildini (percevejo-verde-pequeno da soja), Hypothenemus hampei (broca-do-café), apresentando um grande potencial no controle biológico. O principal exemplo de sucesso na utilização de Metharizium é no controle biológico de cigarrinhas, principalmente na cana-de-açúcar e pastagens. Existem inclusive várias marcas comerciais desse agente registradas no Ministério da Agricultura.

PESTICIDAS

Os pesticidas, aplicados de modo indiscriminado e excessivo devido a políticas de incentivo para a utilização de novas tecnologias surgidas a partir da década de 70, levaram a graves problemas que surgiram aos poucos, ao longo dos anos.  
De forma sutil, porém com alto impacto no meio ambiente, na produção e na sustentabilidade financeira do produtor, a aplicação constante e em grandes quantidades de agrotóxicos levam ao aparecimento de pragas resistentes, que por sua vez, requerem novos produtos para seu controle. Ao mesmo tempo, inimigos naturais das pragas são eliminados e algumas pragas, antes de pouca importância, passam a ser principais por não terem seus predadores naturais. A contaminação do ar, das águas e do solo é freqüente.

Em se tratando do homem, devido à falta de instrução para a aplicação do produto, as intoxicações agudas dos aplicadores também ocorrem em muitos casos.  



Para o consumidor final, observa-se que os resíduos nos alimentos muitas vezes ultrapassam os limites considerados toleráveis. A exposição continuada, por período longo, a níveis relativamente baixos de agrotóxicos pode afetar a saúde humana, levando a casos crônicos, mal definidos, às vezes extremamente graves.

 

 

TRANSGÊNICOS

 

Os organismos geneticamente modificados (OGMs), ou transgênicos, são aqueles que tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo, inseridos em seu código genético. O processo consiste na transferência de um ou mais genes responsáveis por determinada característica num organismo para outro organismo ao qual se pretende incorporar esta característica.

Pode-se, com essa tecnologia, inserir genes de porcos em seres humanos, de vírus ou bactérias em milho e assim por diante.
Quase todos os países da Europa têm rejeitado os produtos transgênicos. Devido à pressão de grupos ambientalistas e da população, os governos europeus proibiram sua comercialização e seu cultivo (quase 80% dos europeus não querem consumir transgênicos).
As sementes transgênicas são patenteadas pelas empresas que as desenvolveram. Quando o agricultor compra essas sementes, ele assina um contrato que o proíbe de replantá-las no ano seguinte (prática de guardar sementes, tradicional da agricultura), comercializá-las, trocá-las ou passá-las adiante.
Os EUA, o Brasil e a Argentina concentram 80% da produção mundial de soja, na sua maioria exportada para a Europa e para o Japão. Estes mercados consumidores têm visto no Brasil a única opção para a compra de grãos não transgênicos.
São enormes as pressões que vêm sendo feitas sobre o governo brasileiro pelo lobby das indústrias e dos governos americano e argentino e sobre os agricultores brasileiros, através de intensa propaganda da indústria, para que os transgênicos sejam liberados e cultivados.
Ainda não existem normas apropriadas para avaliar os efeitos dos transgênicos na saúde do consumidor e no meio ambiente e há sérios indícios de que eles sejam prejudiciais. Os próprios médicos e cientistas ainda têm muitas dúvidas e divergências quanto aos riscos dessas espécies. Não existe um só estudo, no mundo inteiro, que prove que eles sejam seguros.
Os produtos contendo transgênicos que estão nas prateleiras de alguns supermercados não são rotulados para que o consumidor possa exercer o seu direito de escolha.

 

VANTAGENS DO CONTROLE BIOLÓGICO

A incorporação do controle biológico como parte de um programa integrado de controle de pragas reduz os riscos legais, ambientais e públicos do uso de produtos químicos. Métodos de controle biológico podem ser usados em plantações para evitar que populações de pragas atinjam níveis danosos.

O controle biológico pode representar uma alternativa mais econômica ao uso de alguns inseticidas. Algumas medidas de controle biológico podem evitar danos econômicos a produtos agrícolas. A maioria dos inseticidas apresenta amplo espectro de atuação e matam de modo não específico outros animais ecologicamente importantes e potencialmente úteis. Os inimigos naturais usualmente têm preferências muito específicas para certos tipos de pragas e podem não causar dano algum a outros animais benéficos e a pessoas, havendo menos perigo de impacto sobre o ambiente e qualidade da água. Quando usados adequadamente, vários produtos comerciais para controle biológico podem ser bastante eficazes.

PERIGOS DO CONTROLE BIOLÓGICO

 

Nos últimos anos, especialmente após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), a humanidade tem-se mostrado preocupada, de forma crescente, com os problemas de conservação da qualidade do meio ambiente provocados por uma ampla gama de atividades humanas, incluindo os relacionados à exploração agropecuária. Essa preocupação tem resultado na busca pelo setor agropecuário de tecnologias para a implantação de sistemas de produção de enfoque ecológico, rentáveis e socialmente justos. Como resposta a essa demanda, a pesquisa científica tem avançado no desenvolvimento de soluções tecnológicas para uma agricultura sustentável.

 

Figura 1. Cadeia alimentar: couve – insetos
fitófagos-praga (vaquinhas, lagartas e
pulgões) – inimigos naturais (parasitóides
e predadores)

 

 

A agricultura sustentável, produtiva e ambientalmente equilibrada, apóia-se em práticas agropecuárias que promova a agrobiodiversidade e os processos biológicos naturais, baseando-se no baixo uso de insumos externos. Infere-se daí que o controle biológico é uma alternativa promissora para o manejo de pragas em sistemas agrícolas sustentáveis, visto constituir-se num processo natural de regulação do número de indivíduos da população da praga por ação dos agentes de mortalidade biótica (Figura 1), os quais são também denominados de inimigos naturais ou agentes de controle biológico.

O homem através dos tempos, descobriu como manipular ou manejar esses inimigos naturais para uso na agricultura, daí surgindo o Controle Biológico Aplicado como uma biotecnologia baseada na utilização recursos genéticos microbianos, insetos predadores e parasitóides para o controle de pragas, especialmente os insetos e ácaros fitófagos, nos sistemas de produção agrícola.

MANEJO E CONTROLE DAS PRAGAS 

 

Durante muitas décadas o controle de pragas urbanas foi baseado exclusivamente na aplicação de defensivos químicos. As consequências e riscos inerentes a essa abordagem são, hoje, bastante conhecidos.

Há cerca de quinze anos uma nova forma de abordar os problemas com pragas começou a tomar corpo: o Manejo (ou Controle) Integrado de Pragas. A PPV foi a primeira empresa na América Latina criada especificamente para desenvolver esse tipo de serviços em áreas urbanas.

O conceito de controle integrado foi emprestado da agricultura onde existe desde a década de 60. Na agricultura, porém, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma filosofia do controle de pragas que procura preservar ou aumentar os fatores de mortalidade natural, através do uso integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos, buscando manter a população dessas pragas abaixo do nível de dano econômico.

 

Da mesma forma no Manejo Integrado na Agricultura a gestão de informações é que deve servir de base a decisões operacionais. Assim, a Inteligência envolve o monitoramento contínuo das populacões e dos dados de biologia das pragas.
Chama-se controle integrado pois integra outras abordagens de controle ao tratamento químico. As ferramentas alternativas ao controle químico servem, fundamentalmente, para reduzir, tanto quanto possível, os custos deste tratamento.

 

Na área urbana o conceito de Manejo Integrado passou a representar, apenas, a combinação de ações desenvolvidas para minimizar a utilização de defensivos. A Portaria CVS 09, da Secretaria da Saúde de São Paulo, define Controle Integrado de Pragas como "...um sistema que incorpora ações preventivas e corretivas destinadas a impedir que vetores e as pragas ambientais possam gerar problemas significativos. Visa minimizar o uso abusivo e indiscriminado de praguicidas...". A Norma ABNT NBR 15584-2 Controle de vetores e pragas urbanas – Parte 2: Manejo integrado explicita em sua introdução que “O manejo integrado de vetores e pragas urbanas envolve um conjunto de ações a serem implementadas, visando impedir que vetores e pragas sinantrópicas se instalem e se reproduzam no ambiente, através da adoção de medidas preventivas e corretivas, utilizando o máximo de competência técnica, bem como a correta aplicação de desinfestantes domissanitários".